A Ministra do Trabalho cubana, Marta Elena Feitó, apresentou a demissão, depois de ter afirmado no Parlamento que "não há mendigos" no país, apenas pessoas "disfarçadas", declaração que motivou uma repreensão pública do Presidente cubano, Miguel Díaz-Canel.
Num comunicado lido no noticiário noturno da televisão estatal, o Governo cubano informou que Feitó renunciou ao cargo, na terça-feira, após reconhecer “erros” na sua intervenção recente numa comissão da Assembleia Nacional do Poder Popular (Parlamento unicameral).
Negou também a existência de pessoas a procurar comida no lixo, afirmando que estão, na verdade, a “recuperar matéria-prima” de forma ilegal e a atuar como trabalhadores autónomos fora do sistema fiscal.
A reação nas redes sociais levou o Presidente Díaz-Canel a manifestar "desacordo” com os comentários de Feitó, numa sessão parlamentar no dia seguinte, embora sem mencionar diretamente o nome da ministra.
“Não partilho alguns critérios emitidos sobre este tema. É contraproducente fazer esse tipo de juízo. Não se defende a revolução quando se escondem os problemas que temos”, declarou o chefe de Estado.
Horas antes, Díaz-Canel já tinha feito referência à polémica nas redes sociais, de forma ambígua. No entanto, o discurso proferido ao meio-dia foi transmitido na íntegra pela televisão estatal.
“Desde o Partido e desde o Governo trabalhamos para enfrentar todos os problemas. Somos servidores públicos, deputados que representam o povo, e não podemos agir com arrogância nem prepotência, desligados das realidades que vivemos”, afirmou.